segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Nem toda atividade física traz qualidade de vida, mostra estudo.



Fonte:
Estudo de doutorado defendido pela professora SANTOS,Ana Lúcia Padrão dos , em agosto 2009, na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, sob orientação do professor SIMÕES, Antônio Carlos .

A prática de atividades físicas não se traduz, necessariamente, em mais qualidade de vida. É preciso avaliar o tipo de atividade e as circunstâncias em que ela é praticada

A relação entre atividade física e qualidade de vida a princípio pode parecer óbvia, mas a pesquisa mostrou o contrário.

Segundo Santos (2009) é fácil cometer equívocos quando se estuda esses dois temas sem o rigor acadêmico em relação aos conceitos. “Estudamos qualidade de vida segundo um conceito científico, pois ela pode ser avaliada sob inúmeros aspectos e ser relacionada a diferentes motivadores. Já na atividade física, usamos uma abordagem mais ampla, considerando-a como todo movimento feito por uma pessoa no período de 24 horas”

Equívocos conceituais
QUALIDADE DE VIDA
O tema qualidade de vida é um assunto muito falado na sociedade, mas pouco estudado cientificamente. “Existem muitas confusões. A qualidade de vida é um termo multidisciplinar, podendo ser associada ao salário, ao prazer da profissão ou à prática de atividades físicas” explica Ana Lúcia. “Ela não pode ser analisada isoladamente, ou seja, existem vários fatores que pesam para compor a qualidade de vida.”
ATIVIDADE FÍSICA
A pesquisa distinguiu o que é exercício físico e atividade física. Fazer um exercício físico voluntariamente, como praticar um esporte ou fazer academia, cientificamente, é diferente de simplesmente gastar energia caminhando para ir ao trabalho ou subindo escadas

Como Foi feita a pesquisa
Entrevistou-se 228 universitários, sendo 59 homens e 169 mulheres, com idade média de 28,7 anos, todos voluntários de uma instituição de ensino superior privada. A avaliação foi comparar os entrevistados com altos índices de qualidade de vida com aqueles que tinham um alto índice de gasto energético ao longo do dia.

protocolos ultilizados
A pesquisa avaliou os entrevistados numa escala científica que mostra o quanto uma pessoa é ativa fisicamente. “Pedimos ao entrevistado para preencher um questionário respondendo quantas horas por dia ele realiza diversas atividades, como dormir, assistir televisão, varrer o chão, caminhar, cuidar do jardim, subir escadas, fazer exercícios na academia, correr, jogar futebol, entre outros” explica a pesquisadora.

A qualidade de vida, segundo o método utilizado na pesquisa, pode ser avaliada sob quatro domínios principais: saúde e funcionamento; sócio-econômico; psicológico e espiritual; e familiar. Em diversas sociedades esses componentes pesam de formas diferentes. “De um modo geral, a qualidade de vida é avaliada segundo o que é importante para a pessoa pesquisada”.

Resultados
Os dois índices não coincidiram. As análises mostraram que não houve relações estatisticamente significativas entre os diferentes níveis de atividade física e os índices de qualidade de vida no grupo pesquisado. O gasto energético, pura e simplesmente, não se traduz necessariamente nos domínios de qualidade de vida estudados.
Um estudo que mostrava pessoas que trabalham muito em trabalhos intelectuais [pouca atividade física]. Elas têm maior salário e maior qualidade de vida” conta a professora, “mas isso não significa o contrário, ou seja, que pessoas que praticam atividades físicas tenham menor qualidade de vida”.

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